6 nov
2012
Categoria: Cura
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Por que comigo? – Entendendo o papel da dor em nossa vida

Por: CLAUDIA GELERNTER
Vinhedo, SP (Brasil)


“Embora a dor e o pranto, não permitas
Que a tua fé sublime se abastarde…
Abraça a luta e segue para a frente,
Antes que seja tarde”

Espírito João Coutinho *

Emmanuel, o orientador Espiritual de Francisco Cândido Xavier, ditou para o Médium brasileiro a lição intitulada “A Mestra Divina”, parte do livro “Ceifa De Luz”, do mesmo autor. Neste belíssimo texto, o Espírito comenta os benefícios causados pela dor àqueles que compreendem a corrigenda, saindo da experiência, melhorados.  Explica que a dor “devolve-nos todos os golpes com que dilaceramos o corpo da vida, para que não persistamos na grade do erro ou nos cárceres do remorso”. (EMMANUEL, 1979, p. 119.) Afirma, ainda, que a Mestra Divina “aqui corrige, adiante esclarece, além reajusta, mais além aprimora” (p. 120), explicando, portanto, até onde a Dor pode atuar em nós, caso permitamos nos favoreça com suas sagradas lições.

Dentro dos postulados Espíritas, aprendemos que pertencemos, no atual estágio evolutivo, à categoria de Espíritos Imperfeitos, portanto, incompletos, em muito ignorantes, e, em muitos casos, ainda maus, essencialmente. Daí a necessidade de residirmos, temporariamente, em um mundo que reflete nosso estado íntimo, ou seja, em um planeta classificado como sendo de “provas e expiações”.

Tal classificação nos ajuda a entender o caráter da dor que nos atinge, na atualidade.

Podemos ser despertados por ela, a fim de resgatarmos débitos contraídos no passado [tanto remoto como atual], ou ainda para provarmos se já conseguimos desenvolver em nós as virtudes necessárias e possíveis para o momento.

“Não fiz nada para merecer isto! É um absurdo!”, afirmam muitos. Por certo, estes ainda não tomaram consciência de que muito temos a aprender na escola da vida; que aqui estamos na figura de devedores, buscando a regeneração, pelas vias da reencarnação e que toda experiência difícil nada mais é que oportunidade de aprendizagem. Instrumento perfeito, que serve:

Para uns, na aquisição da paciência.

Para outros, da humildade.

Outros, ainda, da resignação e da fé.

Ou de todas estas virtudes, concomitantemente.

Certo é que a Dor surge para crescermos. Este é o seu objetivo. O que faremos, com a sua visita, corre por nossa conta.

Diante das adversidades da vida, podemos buscar o que nos cabe aprender, fazendo o melhor, ou, revoltosos e indignados, podemos nos rebelar contra Deus, desfazendo-nos em muxoxos intermináveis e incabíveis.

Viktor Frankl, o eminente psiquiatra vienense, devido ao fato de ser judeu, foi perseguido e preso em campos de concentração, na Alemanha nazista. A esposa grávida, seus pais e irmãos pereceram nestes campos. Entretanto, o desafortunado homem sobreviveu e, estando em situação de completa fragilidade, buscou, acima das dores, um sentido para seu sofrimento.

Quando conseguiu a liberdade, lutou por divulgar suas percepções. Frankl passou a ensinar que o sentido da vida pode ser encontrado por uma pessoa através de três caminhos:

O primeiro diz respeito ao exercício de um trabalho que seja importante, ou a realização de um feito, uma missão, que dependa de seus conhecimentos e de sua ação, e que faça com que a pessoa se sinta responsável pelo que faz; o segundo caminho é o do amor a uma pessoa ou a uma causa, uma ideia, o que estabelece uma responsabilidade para com a pessoa amada ou à causa defendida e, por último, quando diante de um sofrimento inevitável, assumir uma postura de buscar um significado e utilidade para a dor, pois através da experiência cada pessoa pode contribuir para a vida de outras pessoas.

Afirmou ele que “dentro de cada um de nós há celeiros cheios onde nós armazenamos a colheita da nossa vida. O significado está sempre lá, como celeiros cheios de valiosas experiências. Quer sejam as ações que fizemos, ou as coisas que aprendemos, ou o amor que tivemos por alguém, ou o sofrimento que superamos com coragem e resolução, cada um destes eventos traz sentido à vida. Realmente, suportar um destino terrível com dignidade e compaixão pelos outros é algo extraordinário. Dominar seu destino e usar seu sofrimento para ajudar os outros é o mais alto de todos os significados para mim”. (FRANKL, 1985). Espírito valoroso, soube ouvir e entender a dor, retirando dela o que tinha de melhor.

No capítulo intitulado “O Poder do Amor”, do livro “No Mundo Maior”, de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, irmã Cipriana, a devotada tarefeira do Bem, falando sobre os recursos da Dor, afirma, categoricamente, que “muitos retiram do sofrimento o óleo da paciência, com que acendem a luz para vencer as próprias trevas, ao passo que outros dele extraem pedras e acúleos de revolta, com que se despenham na sombra dos precipícios” (LUIZ, 1947 p. 92).

Sentir a dor é obrigatório. Revoltar-se com ela é opcional, assim como seguir pelos caminhos da regeneração, através da paciência e do amor.

Na atualidade, grandes dificuldades assolam o Planeta. Trata-se do processo de transição, no qual estamos à mercê de grandes convulsões, sejam de ordem individual, social, cultural, econômica, política ou geológicas. São as “dores do parto”, anunciadas profeticamente por Jesus. Dores que nos farão melhores, a fim de podermos habitar um Planeta também melhorado, física e moralmente.

Portanto, urgente nos prepararmos intimamente para este momento. Entendermos que no planejamento divino não cabem equívocos. Que nenhuma dor nos chega na qualidade de carta endereçada a outra pessoa.

Com esta certeza, teremos força para ultrapassar as ventanias que anunciam a grande tempestade, com os alicerces do entendimento e do amor.

Logo mais, quando o sol tornar a brilhar, concedendo-nos seus raios iluminativos e refazedores, anunciando um novo amanhecer no clima planetário, poderemos, uma vez melhorados, usufruir da paz que tanto almejamos.

Cabe salientar ainda que aqueles que já possuem em si as ferramentas íntimas capazes de darem conta das adversidades, sem tantos desequilíbrios emocionais, estão munidos de instrumentos que devem ser utilizados no auxílio aos irmãos por agora equivocados.

Ainda no livro “Ceifa de Luz”, agora no capítulo “Desenvolvimento Espiritual”, Emmanuel, falando sobre as questões de subdesenvolvimento humano, se utiliza da expressão para falar dos subdesenvolvidos espirituais. Comenta que devemos reconhecer que existe “uma retaguarda enorme de criaturas empobrecidas de esperança e coragem, não obstante quase toda ela constituída de companheiros com destaque merecido na cultura e na prosperidade da Terra”. (EMMANUEL, 1979, p. 207.) E, indicando nossa posição diante de tais irmãos, pede-nos para que nos abasteçamos de suficiente amor para compreendê-los e auxiliá-los, pois se tratam de “amigos chamados a caminhar nas frentes da evolução, com áreas enormes de influência e possibilidade no trabalho do bem de todos, mas detentores de escassos recursos no campo do sentimento para suportarem, com êxito, as crises da época de mudança” (EMMANUEL, 1979, p. 208).

Destacamos que o Espírito menciona “crises da época de mudança”, ou seja, fala-nos sobre a transição, por nós citada, e que traz em seu bojo a marca da dor, na forma de medicamento amargo, porém necessário, tanto para o despertamento dos que dormem, nas camas do materialismo, como para impulsionar o desenvolvimento espiritual, tão necessário nestes tempos de pós-modernidade, nos quais imperam os desregramentos morais de toda ordem.

Tempos difíceis, que nos pedem pratiquemos aquilo que Jesus nos ensinou há 2000 anos: Oração e Vigilância, a fim de buscarmos forças para darmos conta dos desafios, através do contato com as esferas mais elevadas da Vida, e, ao mesmo tempo, observando constantemente nosso íntimo, para que não venhamos a repetir antigos erros.

E, assim como escreveu Renato Teixeira, na canção “Tocando em Frente”, precisamos ter em mente que “cada um de nós compõe a própria história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, e ser feliz”.

Avante!

Referências Bibliográficas:

EMMANUEL [Espírito]. Ceifa de Luz.  [psicografado por] Francisco Cândido Xavier, 3ª ed. Brasília, FEB, 1979.

LUIZ, A. [Espírito]: No Mundo Maior, [psicografado por] Francisco Cândido Xavier, 1947; 26ª ed. 2ª reimpressão, Rio de Janeiro, FEB, 2009.

FRANKL, V. A Descoberta de Um Sentido No Sofrimento, Entrevista na África do Sul, 1985, disponível no Youtube, http://www.youtube.com/watch?v=5cd2KANOJuU acessado em 11 de setembro de 2011.

Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Petrópolis: Editora Vozes, 1991.

* Espírito João Coutinho – Do livro: Poetas Redivivos, Médium: Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos.

O leitor encontra este artigo aqui > http://www.oconsolador.com.br/ano6/285/claudia_gelernter.html

12 Comentários

  • A dor é o impulso que nessecitamos para nossa evolução.Sem ela não entenderiamos as fragilidades,nossas e do nosso próximo.Infelizmente oufelizmente aprendemos com ela,ela é nosso burilamento,moral e espiritual!!!A dor se torna efemera quando aceitamos a nossa condiçao,e aprendemos a caminhar com ela pois não estamos sozinhos…Deus está no comando e Jesus no leme confiemos tudo passa…Beijos no coração.

  • Bom dia!Aplauso! Abordagem pedagógica e esclarecedora. Bendita Doutrina que nos tira o véu da ignorância.

  • A dor é uma benção de Deus, para justamente frear a humanidade que está cega. Infelizmente só assim paramos para refletir. Mas lembrando que sempre haverá um recomeço, pois nosso Deus é caridoso.

  • Nada como viajar por uma bela mensagem chamada dor.
    Esse único remédio que nos leva a vigilância e a oração.Conduzindo-nos a perfeição ainda que relativa, mas longe agora das aflições.
    Abraços fraternos a todos os irmãos em Cristo.

  • Como posso mandar esse texto para um amigo, através de e-mail?

    • Amiga leitora, boa tarde!
      Agradecemos por ser nossa leitora e ajudando-nos na divulgação do Visão Espírita.
      Informe ao seu amigo o endereço de nosso site para que ele possa também ser nosso leitor e indique o título do artigo.
      Saúde e paz sempre.
      Equipe Visão Espírita.

  • A dor é o nosso anjo da guarda!Está sempre vigilante, sempre observando o momento exato para chegar em nossas vidas. É com ela que estou colocando-me no meu lugar, e transformando-a em flores perfumosas, para perfumar o meu ambiente beijos, no coração de todos…

  • como é difícil aceitar o sofrimento, mas tendo fé,com o estudo e muitas palestras conseguimos educar nosso espírito e então começamos a aceitar o sofrimento e até mesmo agradecer o aprendizado, muito bom esse artigo, parabéns

  • Deviamos agradecer a Deus pelo sofrimento,pois é com a dor, que aprendemos a entender a dor do nosso irmão, é com a dor que evoluimos, se soubermos aceitar … mas um dia nós vamos agradecer a cada prova de dor.
    Muita paz a todos.

  • Maravilhoso aprendizado , obrigado a todos, feliz 2013

  • Obrigada pelo texto,maravilhoso e esclarecedor.Precisamos lembrar disso todos os dias e praticar.Dizem que o que não se aprende pelo amor,aprenderemos pela dor.É uma verdade,a lição deve ser tomada e aprendida,leve o tempo que precisar.Então se pudermos não esperemos que a dor bata à nossa porta,antes,aprendamos pelo amor,á cumprir o que Jesus tão bem nos designou,para que cheguemos mais rápido à evolução,que todos querem,mas,que,nem todos fazem por merecer.

  • O texto é muito esclarecedor, extremamente educativo, difícil lidar com essa dor, pois não sabemos o quanto fomos cruéis em outras vidas ou o quanto agimos erradamente nesta vida. Sempre achamos que não somos merecedores das dores em nosso caminhar, mas é através dela que está a nossa evolução: que nesse caminhar possamos jorrar o amor que Jesus pregou, que possamos fazer o bem e procurar não cometer os mesmos erros. Que possamos ter paciência com as adversidades da vida, aceitando com humildade a nossa missão sem reclamar, pois no amanhã com certeza iremos agradecer e muito por tudo que passamos.

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