Melindre Originariamente, um simples e comum substantivo masculino, com o sutil significado de ser a delicadeza no trato, cuidado extremo em não magoar ou ofender por palavras ou obras.
Tornar melindroso; Ofender o melindre de, magoar, escandalizar.
Orgulho, manifestação do alto apreço ou conceito em que alguém se tem.
É o que dizem os dicionários…
Infelizmente ainda no planeta, no estágio em que nos encontramos vemos muito disso nos meios sociais, trabalho, familiar, vizinhos e muito mais nos grupos de ações beneficentes, não importando a religião ou filosofia desse grupo. O cuidado com o “melindre e o orgulho” deve ser maior para o Espírita, conhecedor que é de suas próprias fraquezas e imperfeições. Uma luta constante, observar a cada momento o seu “eu interior”.
O maior entrave para o desenvolvimento do ser humano é o “melindre”, sendo ele o verdadeiro vírus da discórdia. Ele ataca sorrateiramente a todos aqueles que, invigilantes, dão valor maior do que o devido a si mesmo. O amor próprio tem um limite.
É importante ter amor próprio mas na dose certa, precisamos cuidar de nossa aparência e gostar de nós mesmos.
Esse amor não pode superar o limite do razoável. Quando passamos a nos julgar superiores a nossos irmãos, avançamos para a vaidade, para o orgulho, para a falsa superioridade. Ao atingir esse estágio perigoso, todas as idéias, observações ou palavras de nossos semelhantes que são contrárias ao nosso ponto de vista nos machucam muito.
Vem então o “melindre”, não aceitamos ser contrariados, colocados de lado. Não aceitamos opiniões diferentes enchendo-nos de mágoas e de não me toques. E o pior é que isso nos entristece, nos tira do equilíbrio, trazem conseqüências físicas e afetam profundamente nosso relacionamento com pessoas queridas.
Encontramos o “melindre e o orgulho” no Movimento Espírita, aqueles que se dedicam a sua divulgação, onde são colocados a prova de sua própria fé, conhecimento e boa vontade em aceitar as diferenças. Aqueles que ainda acreditam que o Espiritismo é “dele” ou a casa Espírita tem “dono”, e tudo que ele faz é dele ou é por ele, não entendendo que seja por qualquer meio de comunicação o Espiritismo está em primeiro lugar. A casa Espírita tem alguém, seu diretor para responder pelos ditames normais que regem as leis do país em que se encontra, mas não é “dono”, sim um trabalhador de Jesus, em favor dos que procuram a casa.
O erro está, neste caso, em o melindrado esperar (e até exigir) gratidão de todos pelo trabalho que ele desenvolveu na Casa, confundindo obrigações com favores. Ora, obrigações não implicam de modo algum em gratidão, muito especialmente se levando em conta que quem as assume, o faz livremente. Daí, quando contrariado, ferido em seu orgulho pessoal, julga-se vítima de ingratidão, de injustiça… e ameaça retirar-se, quando não se esquiva definitivamente.
Outro agravante no fato que envolve o trabalhador descuidado, o “melindre” propele a criatura a situar-se acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral. Assim, quando o espírita se “melindra”, julga-se mais importante que o Espiritismo e melhor que a própria tarefa libertadora que liberta, esclarece e consola.“Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. Todos nós aí comparecemos para receber, antes de mais nada, sejam quais forem as circunstâncias.”
Assiste razão integral ao preclaro Irmão X , a afirmar que “os melindres pessoais são parasitos destruidores das melhores organizações do espírito. Quando o disse-me-disse invade uma instituição, o espírito [palavra original no texto “demônio”] da intriga se incumbe de toldar a água viva do entendimento e da harmonia, aniquilando todas as sementes divinas do trabalho digno e do aperfeiçoamento espiritual.”
Ainda tem mais, a mágoa destrói nossas resistências orgânicas. Ela obstrui os nossos canais responsáveis pela circulação sanguínea e pelo equilíbrio de nosso corpo físico.
O melindre é causa de muitas discussões que poderiam ter sido evitadas. Bastaria uma atitude de tolerância, de compreensão. Todos nós, espíritos ainda imperfeitos vivendo na Terra, estamos sujeitos a ter atitudes e a falar palavras ofensivas a nossos irmãos, e que a tolerância mútua e o perdão podem transformar em coisas banais e sem importância os episódios que julgamos terríveis ofensas que nos fazem.
Uma pequena discussão entre marido e mulher pode trazer muita discórdia e até separações por causa do melindre. Tolerância é ainda o melhor remédio para a manutenção da paz nos lares.
O mesmo acontece entre pais e filhos, entre irmãos e entre amigos, muitas vezes provocando o afastamento de pessoas que se amam, apenas por terem se deixado levar pelo melindre. Muitas entidades religiosas respeitáveis e até instituições espíritas podem ser atingidas por esse terrível vírus.
Temos que combater esse mal. O caminho para isso é seguir os ensinamentos e o exemplo de Jesus.
Ouçamos, afinal, todos nós, trabalhadores da seara espírita, os simplíssimos mas altamente judiciosos e adequadíssimos conselhos de André Luiz, na cartilha de boa condução moral chamada Sinal Verde , que transcrevo abaixo:
“Não permita que suscetibilidades lhe conturbem o coração.
Dê aos outros a liberdade de pensar, tanto quanto você é livre para pensar como deseja.
Cada pessoa vê os problemas da vida em ângulo diferente.
Muita vez, uma opinião diversa da sua pode ser de grande auxílio em sua experiência ou negócio, se você se dispuser a estuda-la.
Melindres arrasam as melhores plantações de amizades.
Quem reclama, agrava as dificuldades.
Não cultive ressentimentos.
Melindrar-se, é um modo de perder as melhores situações.
Não se aborreça, coopere.
Quem vive de se ferir, acaba na condição de espinheiro”.
Lutemos contra o “melindre e o orgulho”, colocando a tolerância antes de tudo, afinal muitos são os que nos toleram as nossas fraquezas e usando da Boa Nova nosso leme para mudarmos, renovar nossos pensamentos e atitudes.
Sem “melindres, sem “orgulho”.
Ótimo texto, ampliando nossa condição de reforma intima, agradeço
EXCELENTE TEXTO, BOM PARA REFLEXÃO.