Pela sobrevivência do espírito

Tenho estudado o Espiritismo há pelo menos dois anos ininterruptos. São muitos os assuntos abordados pela doutrina decodificada por Alan Kardec e, quanto mais me aprofundo nesses temas, vejo que há muito ainda a aprender. De cada tópico estudado, surgem outras dezenas de tópicos a serem explorados e, cada vez mais amplas a sua abrangência.

Parece controverso, mas considero os conhecimentos espíritas importantes para todas as religiões, mesmo que essas não aceitem assuntos intocáveis na doutrina de Kardec, como reencarnação, por exemplo. Mas, o Espiritismo é muito mais do que isso. É filosofia, é entendimento do corpo, da mente e da alma. É um mesclado de ciência e fé. E, ao menos a ciência dos espíritos, as outras crenças deveriam levar em consideração. Afinal, todas elas não pregam a vida ou as conseqüências após a morte?

Percebo que os espíritas mais velhos, ainda sentem necessidades de continuar estudando. Realmente a sensação que dá, é que não há fim. Aprendi com esses espíritas, que ninguém conhece completamente o Espiritismo, pelo menos os que aqui estão encarnados.

Nem mesmo oradores famosos da doutrina, como Divaldo Franco e Raul Teixeira dominam por completo os ensinamentos decodificados. Há sempre um campo novo a explorar, entender, conhecer. Não tem fim, mas apenas começo.

Uma vez iniciado o estudo da doutrina de Alan Kardec, jamais o homem volta a ver a vida (e porque não a morte), da mesma maneira como via anteriormente. Os ensinamentos são mais palpáveis e menos fantasiosos, pois pregar que o céu é lindo e, que, ao morrer, Deus nos espera de braços abertos, não exige reflexão.

Agora, ensinar que o lugar onde iremos após a morte, depende exclusivamente da forma em que vivemos neste plano, bem como da maneira que nos comportamos perante aos semelhantes, exige muito estudo e entendimento. E, cá entre nós, não é tarefa fácil para qualquer doutrina se meter nessas questões.

Ao mesmo tempo, não entendo o Espiritismo como religião única e absoluta, justamente por aprender, com o próprio Espiritismo, que as escolhas e condições em que vivemos nesta encarnação – inclusive religiosa – fazem parte de um processo de escolha e reparação definidos por cada um, ou pela espiritualidade, no momento em que é definido a reencarnação.

Portanto, todas as religiões, de certa maneira, contribuem para o processo cármico do espírito encarnado. Entretanto, importante ressaltar, que algumas dessas religiões limitam o processo evolutivo do homem, tornando-o quase um ser vegetativo e com poucos conhecimentos. Ao mesmo tempo, a espiritualidade ensina a Kardec e a todos nós, que o espírito encarnado, por mais ignorante que possa viver nessa vida, mesmo assim consegue evoluir um pouco, pois as condições do reencarne, automaticamente, proporciona essa evolução.

Sobre essas religiões que limitam a evolução do espírito encarnado, acredito que seus líderes, ou são ignorantes tanto quanto seus adeptos, ou são mal intencionados, tornando o homem escravo de seus dogmas e ensinamentos. Ao segundo, certamente pesará a responsabilidade de reparar suas maldades a milhares de pessoas, tão logo ocorra o desencarne. O fardo desse, provavelmente será muito pesado.

Ao espírito cabe evoluir sempre e em qualquer situação. Esse é o principal motivo para estarmos encarnados. Para que serve essa vida, senão pela oportunidade de evoluir, mais uma vez?

Portanto, uma das principais lições que estou aprendendo com o Espiritismo, é que precisamos evoluir, sempre e em qualquer situação. Independente da nossa condição social, da nossa raça, do nosso credo. A evolução do homem (espírito, corpo e mente) é questão de sobrevivência para o espírito, neste ou em qualquer outro plano.

Lembre-se do ensinamento do mestre Jesus: “O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo” (Mt 3,10 – Lc 3,9).

Pedro Baizi é jornalista.

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