4 jan
2014

Carências

Sempre extraindo de obras importantes a inspiração para cada texto, hoje quero abordar um tema, claro, sempre de maneira muito sucinta, sobre o significado de carência, que todos nós, de alguma maneira, a experimentamos.
Primeiramente, poderíamos defini-la como um estado íntimo de manifestação que surge da privação de alguma necessidade pessoal, cujo principal reflexo é o sentimento de infelicidade.
Sob análise espiritual, poderia ser um fluxo energético de vibrações não compensadas reclamando o dinamismo da complementação para gerar bem-estar e equilíbrio na vida do ser.
Pelo lado afetivo, é um processo de desnutrição que pode ter se iniciado na infância ou até mesmo em outras reencarnações, como por exemplo, desejos recalcados, expectativas não colimadas, frustrações não superadas, dando azo a uma descompensação emocional pelas experiências traumáticas mal elaboradas, gerando episódios de conflitos e sofrimentos no automatismo da vida mental.
efetivo-abandono-afetivoDentre todas as carências, a maior é a de afeto e carinho, sem os quais ninguém se sente humanizado, levando a criatura à exteriorização de seus sentimentos mais primitivos que estimulam a ganância e a crueldade proveniente do instinto de conservação exacerbado, segundo bem preleciona Ermance Dufaux, em sua obra “Mereça Ser Feliz”. No estágio espiritual da Terra, a carência de afeto, quase sem exceções, está atrelada aos ditames da lei de retorno.
É importante ressaltar que nem tanto do amor alheio precisam os carentes, porque a carência não está somente nessa ausência de ser amado, mas, existem outros mecanismos bloqueadores, compostos por processos emocionais e psíquicos do Espírito, que, mesmo amado, tais mecanismos não permitem o reconhecimento.
Outra abordagem trazida por Ermance, que deve ser mencionada, diz respeito à origem, ou seja, as matrizes profundas da carência que podem ser encontradas no subconsciente, que é o vício milenar de exigir e esperar ser amado sem disposição altruísta suficiente para amar, resultante de uma construção lenta e gradual com bases no egoísmo. O carente, em verdade, é um doente que deseja ardentemente amar sem conseguir, e, não conseguindo, passa a exigir ser amado, criando situações complicadas e frágeis; é alguém à míngua do amor, um constante cultivador da esperança de ser compensado.
Assim, solidão, ciúme, dependência, escassa autoestima, complexo de inferioridade, depressões, patologias corporais e outros tantos quadros de sofrimento podem decorrer dessa tormentosa vivência da “prisão emocional”, reflexos fiéis de atitudes inconsequentes e levianas de outrora. E quem se encontra nos bastidores de toda essa tormenta? O “espírito carente” passando atestado de sua incapacidade de amar, exigindo atenção e cristalizando-se no apego ou alimentando o ciúme, em conflituosas crises de possessividade.
01151Por outro lado, também carências surgem como ilusões da vida moderna estimuladas pela mídia e pelos costumes, exigindo de cada um, verdadeiro processo de reeducação e controle para não se experimentar padecimentos desnecessários.
Infelizmente, observamos uma grande parcela das pessoas que não estão aceitando, em nenhuma hipótese, a possibilidade de fazer cada conquista a seu tempo. Querem tudo para já, custe o que custar, vivendo a filosofia do imediatismo, sem obediência alguma à prova da resistência moral pela paciência e perseverança. Consequentemente, em assim agindo, percorrem os caminhos largos da precipitação e da imprudência, estimulando ainda mais, o egoísmo feroz, que é o outro nome da carência.
Desse modo, com muito ainda a tecer de comentários sobre o assunto, o primeiro passo é buscar um controle emocional para aferirmos as nossas reais necessidades.

Enviado por nossa amiga, leitora e colaboradora Martha Triandafelides Capelotto – Divulgadora do Espiritismo.

16 Comentários

  • muito bom!!

    • Realmente, é muito esclarecedor. Cada um de nós tras bem no fundo de nossos íntimos uma certa carência, é como se tivesse sempre faltando alguma coisa, quando não se acredita realmente na existência do amanhã.

  • Boa Tarde!
    Parabéns pela msg!
    Oportuna e profunda reflexão.
    Ter x Ser, em nossas escolhas
    e ações o cultivo
    do “Homem de Bem”.

  • Muito esclarecedor…concordo com a abordagem do tema…

  • Me identifiquei completamente com o descrito acima (infelizmente), mas como sempre digo, para resolver um problema o primeiro passo é identifica-lo.
    Muito bom o texto.

  • Nossas carências nos levam à substituição. Cremos que um marido ou esposa assumirão lugares dos pais, que filhos assumem o lugar do cônjuge, que emprego assume o lugar de romances e que romances assumem o ambiente do afeto infantil, que o sexo assume o lugar do carinho. Isso pra não falar do chocolate, do cartão de crédito, do sapato novo.Obviamente este caminho não é o que satisfaz a carência essencial humana. A substituição é um equívoco duplo, porque pretende satisfazer uma carência usando uma realidade diferente e descaracteriza a própria realidade de suas funções, deste modo é que as carências da infância permanecem a gerar novas carências na idade adulta quando tratamos nossas novas realidades diferentemente de suas finalidades.O melhor é parar o processo de substituições e assumir as ausências. É melhor lidar com o vazio deixado pelas experiências passadas e relacionar-se adequadamente com as atuais realidades, extraindo delas o que têm para nos oferecer.

    • Excelente comentário.

  • muito bom , obrigado …refletindo <3

  • Maravilhoso e de grande ajuda para nossa Evolução diária…..Namaste

  • Muito bom.

  • Parabéns, texto muito bom e que soma no conhecimento das mazelas do ser humano!
    =D

  • Todo esclarecimento liberta. Toda liberdade traz felicidade. Deus abençoe esses queridos que, usados por Deus vem nos ensinar a viver melhor!

  • Maravilhoso. Um grande ensinamento espiritual para nossa evolução.

  • GOSTARIA DE UMA AJUDA PARA LIDAR COM ESSA CARENCIA?

    COMO PODEMOS CONTROLA-LA OU ELIMINA-LA A FIM QUE ELAS NÃO ESTRAGUE NOSSA RELAÇÕES AFETIVAS E FAMILIARES E APRENDERMOS DE UMA VEZ POR TODA COMO AGIR ?!

  • Infelizmente, eu me encaixo em tudo que foi dito nesta matéria porque eu sou uma carente não queria ser mas sou odeio a falta de afeto 🙁

  • Sim, a carência é realmente um sentimento que nos diminui. eu tenho me sentido a algum tempo muito carente. Mesmo sendo espírita e conhecendo tantas coisas, tenho enfrentado uma dificuldade íntima que não imaginava ter…

    No meu caso, tenho oscilado bastante. A meditação ajuda, o evangelho também…

    Dói bastante, mas acho que estou começando a aceitar a dor rsrsrs… é algo meio complicado, mas tem razão em dizer que precisamos aprender a dar sem esperar nada em troca…

    isso é libertação. Abraços!

Então, O que achou?