27 jan
2012

A Auto-Ilusão

“Abandonai a ilusão, antes que a ilusão vos abandone”.

Observando o comportamento da nossa humanidade, principalmente no meio religioso, vamos perceber que muitos de nós, para não dizer a grande maioria, vivemos iludidos no tocante à nossa condição, ilusões decorrentes das nossas limitações que impedem a percepção dos sentimentos que criam ou determinam nossos raciocínios.
Para que o conteúdo desse texto se faça compreensível, precisamos definir ilusões como aquilo que pensamos, mas que não corresponde à realidade e que nos distanciam da Verdade. Em todos os setores da vida, e não só no religioso, observamos que muitos dos entraves, das dores, das decepções, traumas, culpas, frustrações e todo um conjunto de inclinações e tendências encontram sua matriz nas ilusões. Na verdade, a ilusão é um mecanismo de defesa face às dificuldades que encontramos para lidar com as emoções. Escondemo-nos por detrás de uma imagem que criamos de nós mesmos para resguardarmos autoridade social ou outro qualquer valor que desejamos manter.
Assim, podemos depreender que o iludido esconde-se de si mesmo, criando um “eu ideal” para abrandar o sofrimento que lhe causa a angústia de ser o que é fugindo de si mesmo. E qual a razão para essa fuga? O sentimento de inferioridade que ainda assinala a caminhada da maioria dos habitantes da Terra, que somente será abrandado depois de sucessivas reencarnações, nas quais deveremos trabalhar referido sentimento, sob pena de falência nos planos de ascensão espiritual.
Emmanuel, prefaciando o livro “No Mundo Maior” de André Luiz, diz-nos que “Todos os dias, nos quatro cantos da Terra, partem viajores humanos, aos milhares, demandando o país da Morte. Vão-se de ilustres centros da cultura européia, de tumultuárias cidades americanas, de velhos círculos asiáticos, de ásperos climas africanos. Procedem das metrópoles, das vilas, dos campos… Raros viveram nos montes da sublimação. A maioria constitui-se de menores de espírito, em luta pela outorga de títulos que lhes exaltem a personalidade”. A morte a ninguém propiciará passaporte gratuito para a ventura celeste e nunca seremos promovidos a anjos, sem antes derrubarmos todas as máscaras das ilusões que criamos, desejando que os outros creiam sobre nós o que ainda não somos.
Também encontramos judiciosa lição no livro “Reforma Íntima sem martírios”, de Ermance Dufaux, quando ela exemplifica os vários comportamentos revestidos de ilusão, dizendo: “O iludido quando ambicioso, chega às raias da usura; quando dominador chega aos cumes da manipulação; quando vaidoso, guinda-se aos pântanos da supremacia pessoal; quando cruel, atola-se ao lamaçal do crime; quando astuto, atira-se às vivências da intransigência; quando presunçoso, escala os cumes da arrogância; e, mesmo quando esclarecido espiritualmente, lança-se aos píncaros do exclusivismo, ostentando qualidades que, muita vez, são adornos frágeis com os quais esnobam superioridade que supõe possuir”.
Desse modo, urge que nós iniciemos um processo de destruição dessas máscaras para encontrarmos o “eu real” que estamos ignorando há milênios, despertando a luz que ignoramos estar em nossa intimidade à espera da vontade para utilizá-la, lembrando que a nossa evolução não se opera em saltos, mas gradativamente. O processo educacional da alma é paulatino.
Paulo, o apóstolo da renovação, indica-nos uma sublime recomendação:
“Olhais para as coisas segundo as aparências? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo” (…) – Coríntios, 10:7

[enviado por Martha Triandafelides Capelotto – Divulgadora do Espiritismo].

6 Comentários

  • Parabens Martha , seu artigo me fez parar e pensar.
    muita paz a todos.

  • A Marta toca no íntimo da maior ferida da Humanidade que é a ILUSÃO.
    Atravessamos um momento delicado de nossa vida corpórea a Transição Planetária, que segundo informações de nossos irmãos desencarnados, vai chegar a 2019 e segundo os Maias até 2036.
    Nestes periodos acontecerão muitas tormentas e desencarnes coletivos, poucos encarnados, os mais evoluidos Moralmente, permanecerão na Terra, que se transformará num mundo de REGENERAÇÂO onde o BEM terá um maior potencial comparado com o Mal. Portanto as ALMAS que permanecem devem ser conhecedoras da Verdade espiritual e tarefeiras da Seara do Cristo, mostrando que a ILUSÂO acabou em sua Mente e Consciência.
    A GRANDE QUESTÂO É??. Se a Terra vira mundo de Regeneração, os desencarnados ainda com a ILUSÂO e as imperfeições na Mente e Consciência vão REENCARNAR em que Mundos? Mundos Primitivos? piores do que a vida atual na Terra? Gostaria de ter uma resposta LÓGICA.
    ABRAÇOS FRATERNOS. Manuel

  • Parabéns, Martha!

    O artigo está muito bom, esclarecedor e nos faz pensar sobre as nossas mais íntimas ilusões.

  • Olha Manuel pelo que entendi, deste momento de transição na terra, pelo conhecimento que chegou a mim, talvez possa eu estar errado, mas acho que se torna mais fácil para os espíritos que não são evoluídos, tratarem-se em uma outra dimensão, e que a terra precisa deste momento de paz, e que temos alguns anos para ajudar estes espíritos e nos ajudar também, pois não chegamos a perfeição, tenho por consciência que a terra merece um momento de paz, depois das várias inquietações em que passamos nos últimos 100 anos por exemplo, com tantas guerras, mortes, avanço tecnológico…sem contar as várias catástrofes naturais em que passamos. nos últimos anos… E também vale lembrar que a terra não é nada comparado a imensidão que o universo é, não somos nem um grão de areia no mar, então
    bem está é minha opinião sobre este assunto =)

    “lembrando que a nossa evolução não se opera em saltos, mas gradativamente. O processo educacional da alma é paulatino.” gostei muito desta frase

    Parabéns Martha pela bela matéria
    abraços fraternos 😀

  • Na minha humilde opinião ainda somos crianças na idade espiritual,e ainda necessitamos de sonhos e ilusões para continuarmos na vida material,mas que esses sonhos e ilusões sejam para edificar as nossas almas no sentido do bem de todos nós. Abraços.

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