22 maio
2010

Humberto de Campos

Vamos comentar sobre Humberto de Campos através da análise do crítico literário Elias Barbosa, colaborador do Anuário Espírita por muitos anos. O Anuário é publicado pelo Instituto de Difusão Espirita e visa levar ao leitor um panorama variado e atual sobre as atividades espíritas no país inteiro.

Elias nos conta, no Anuário de 1976, que H. de Campos nasceu em Miritiba, no estado do Maranhão, em 1886. De origem simples e órfão de pai desde cedo, H. trabalhou ainda menino como lavador de garrafas num armazém de secos e molhados. Adolescente, foi para o Amazonas onde atuou como gerente de seringal. Lia muito, tudo o que lhe caia nas mãos. Formou-se assim jornalista aos 22 anos e foi trabalhar no jornal “A Província do Pará”. Aos 34 ingressou a Academia Brasileira de Letras e, depois disso, chegou a ser 2 vezes Deputado

Federal por seu estado. Poeta de formação parnasiana, cronista, contista, crítico literário, HC veio a desencarnar bastante doente aos 48 anos de idade.

Depois disto, escreveu através da mediunidade de Chico Xavier maravilhosas 12 obras, entre elas “Boa Nova” e “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”.

Elias Barbosa, ao analisar a obra do escritor no Anuario, utiliza uma recomposição de diversos trechos das Obras Completas. Ele separa frases e versos de HC que indicam o entendimento sobre a teoria reencarnacionista. O que talvez poucos saibam é q, em vida, HC já demonstrava certa familiaridade com o tema. Nós vamos então, ler alguns dos vários trechos que mais nos tocaram:

– no livro Lagartas e Libélulas, HC faz uma clara alusão à multiplicidade de existências: “Não ignoras que Platão era rico, e um pouco sibarita. Mas, mesmo assim, quem te diz que, vindo ao mundo, de novo, com a lembrança da sua existência passada, Platão não preferiria o sorriso transitório das mulheres de Atenas à admiração dos homens de todos os tempos?”
– mesmo livro, no capitulo intitulado “A morte de Edison”, ele comenta a comunicação com desencarnados neste trecho: “Tem ele seus olhos fechados, e sonha. Sonha ou delira. O ideal dos últimos anos da sua vida fora, conforme confessava semre, inventar um aparelho para conversar com os mortos.”…”Passam-se alguns anos. Marconi, envelhecendo, retoma o sonho de Edison, tentando comunicar-se com os mortos pelos milagres da Física.”
– o livro “Sombras que Sofrem”, ele parece prenunciar que será o autor de “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, que viria a sair em 1938, 4 anos após sua morte: “O cérebro – disse um escritor católico – perdeu o mundo no sec. XIX; o coração salvá-lo-a no séc. XX. E como o Brasil tem corações como esses que uma denuncia a policia revelou, caber-lhe-á, forçosamente, um grande e formoso papel na redenção do mundo que se prepara nos misteriosos laboratórios do século.”

Dentre muitas outras falas retiradas dos livros de HC, Elias faz um minucioso trabalho de ler as mais de 15.800 paginas escritas pelo punho de HC, fazendo a correlação exata com as obras e conceitos da doutrina espírita. Encontra alusões à vida noutros planetas, hierarquias diferentes entre espíritos, premonição sobre sua própria morte, lei de ação e reação, contato com espiritas, entre outros surpreendentes achados.

No prefácio de uma de sua obras escritas através de Chico Xavier, HC nos diz: “Meu problema atual não é o de escrever para agradar, mas o de escrever com proveito. Sei quão singelo é o esforço presente; entretanto, desejo que ele reflita o meu testemunho de admiração por todos os que trabalham pelo Evangelho no Brasil.”

Então, O que achou?