9 dez
2010

Superando os limites

Poeta Castro Alves

Foi no dia 7 de setembro de 1868, na sessão magna da Associação do
Ginásio Literário, em São Paulo, quando se comemorava a
Independência do Brasil. O poeta Castro Alves declamou a poesia
/Navio negreiro/.

Nos versos, ele pintava com cores fortes e amargas o destino dos
pobres negros, retirados do seio de sua terra mãe, onde eram livres,
para os porões infectados dos navios.

Sua voz se ergueu naquela tarde, como de hábito o vinha fazendo em
todas as oportunidades que lhe eram concedidas, para falar em nome
dos seus irmãos escravizados. Eram homens e credores de dignidade.

O ardor com que leu os versos inflamou corações. E desagradou muito
aos escravocratas. Na tarde de 14 de novembro daquele mesmo ano, o
poeta foi baleado. Atingiram-lhe o pé esquerdo. O objetivo dos
escravocratas era assustar o poeta e a quem mais se atrevesse a falar
contra o tráfico de escravos.

Como resultado do atentado, Castro Alves passou a andar de muletas.
Quando o médico lhe retirou do pé 38 grãos de chumbo, ele disse:

/Corte-o, doutor, ficarei com menos matéria que o resto da Humanidade./

Demonstrando que os valores espirituais devem suplantar os problemas
físicos, ele não deixou de trabalhar. Prosseguiu a produzir versos e mais versos.

Amava as estrelas e chegou a denominar a Estrela D’alva de /A lágrima do Cristo, pelo sofrimento dos escravos/.

Lutou contra o cativeiro, a ignorância e a opressão. Foi o poeta
dos escravos, lutou pela sua libertação. Inspirado por essas ideias
é que escreveu as belíssimas páginas /Vozes da África /e /Navio negreiro/.

O seu exemplo nos fala de que as dificuldades e as deficiências são
colocadas em nosso caminho para que as superemos e vivamos bem, em
consonância com as Leis de sabedoria do Criador.

À semelhança dele, portadores de necessidades especiais várias
aceitam suas incapacidades. Procuram compensá-las com os recursos
técnicos de que dispomos na atualidade. E, claro, um enorme esforço
próprio.

Preparam-se para assumir papéis na vida familiar e na sociedade.
Basta que recebam uma chance e que as portas não estejam fechadas
para eles.

Andam ou são conduzidos pelas ruas transportando suas mochilas com
material de estudo ou instrumentos de trabalho. Confiantes em si
mesmos, estão dispostos a fazer duplo esforço para desenvolver o seu potencial.

Se os que os cercamos lhes proporcionarmos chance, os seus resultados
serão como na Parábola Evangélica /a cento por um/.

* * *

As pessoas com necessidades especiais são credoras de compreensão e
assistência para que sejam capazes de superar as próprias limitações.

Vencendo obstáculos, transmitem a mensagem de ânimo, a confiança
na vitória da tenacidade. A sua direção é o progresso e a sua meta é o bem.

E toda vez que alcançam os seus objetivos provam a vitória do
Espírito sobre a matéria.

/Redação do Momento Espírita, com base no artigo /A deficiência
física na vida de Castro Alves/, da revista /Terra azul,/ ano II,
nº 8.//Em 03.12.2010./

2 Comentários

  • Nunca imaginei dessa forma: se nos falta um pedaço físico como uma perna, um braço, um órgão ou uma vista ou um uvido, é menos carga material que arrastaremos…

    Parabéns,
    muita arte,

  • Adorei, Maurício! Fiquei feliz por ter entrado na sala espírita do IG, ontem, para divulgar seu blog.
    Já add a meus favoritos e sempre estarei entrando p ver as novidades postadas.
    Fique c Deus, mta luz e paz em teu caminhar.
    Abç fraterno, Liana.

Então, O que achou?