7 set
2009

A AGENDA 21 ESPÍRITA

A Organização das Nações Unidas – ONU já promoveu três encontros mundiais para debater e deliberar ações de equilíbrio ambiental em nível planetário. Em 1972, organizou a Conferência de Estocolmo que lançou as primeiras bases para a conservação dos recursos naturais. Duas décadas depois, no Brasil, aconteceu a ECO 92. A Conferência do Rio de Janeiro teve como principal resultado o planejamento de ações para a promoção do desenvolvimento sustentável da Terra, cujo documento ficou conhecido como Agenda 21. Em 2002, em Johanesburgo, na África do Sul, outra conferência foi organizada com a finalidade de avaliar o que já havia avançado e adotar medidas de implementação da tal agenda. Guardando as devidas proporções, em 1999, em Goiânia, houve uma conferência para cinco mil espíritos, entre espíritas e não espíritas, proferida por Adolfo Bezerra de Menezes, conforme consta no livro Seara Bendita, psicografado por Wanderley Soares de Oliveira, para anunciar aquilo que ouso denominar da Agenda 21 Espírita.


A Agenda 21 Espírita representa um conjunto de ações para serem implantadas no movimento espírita mundial com a finalidade de inserir o Espiritismo no novo cenário de mudanças que se avizinha para a Humanidade. Bezerra de Menezes, falando em nome do Espírito Verdade, adianta na conferência uma estratégia de ação que se poderia resumir nos seguintes pontos:

* Vivência do Amor

Sendo o Espiritismo o resgate da proposta original do Cristo, que ele mesmo resumiu na vivência da lei do amor, cabe ao Espiritismo, para atender ao seu propósito, centrar seu foco no ensino do amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Não apenas no discurso, mas, sobretudo, por intermédio de atitudes de amor. “A meta primordial é aprendermos a amarmo-nos uns aos outros.”

* Renovação das Atitudes

É a prática do “Espiritismo por Dentro”, a interiorização de conteúdos para a moralização do ser humano, em contraponto ao “Espiritismo das Aparências”. Representa o processo de reforma íntima, de autotransformação, no caminho da evolução espiritual.

* Combate ao Orgulho

Simbolizando o conjunto de numerosas mazelas morais, o orgulho deverá ser identificado e trabalhado por cada espírita, focando a causa e não a casa, numa “luta íntima e não exterior, não contra organizações, mas contra nós mesmos”, na busca do desenvolvimento da humildade.

* Promoção das Casas Espíritas em Escolas do Espírito e de Amor

A finalidade primeira da Casa Espírita é a educação integral do ser, contribuindo para seu auto-descobrimento, auto-encontro e autotransformação. Para isso, é necessário “promover as Casas, de posto de socorro e alívio, a núcleo de renovação social e humana, através do incentivo ao desenvolvimento de valores éticos e nobres capazes de gerar transformação”. Elaborar um programa educacional centrado em valores humanos para desenvolver homens de bem, com ênfase no Evangelho de Jesus, inserindo a pedagogia do afeto como instrumento para reeducação dos sentimentos e fermento para a plenitude das convivências.

* Disseminação da Cultura da Alteridade

Promover o respeito à diversidade, a opinião do outro, aprendendo a conviver harmoniosamente com o diferente em todas as oportunidades de relacionamento humano e, em especial, no meio espírita e fora dos ambientes doutrinários. “A atitude de alteridade será o termômetro do progresso das idéias espíritas no movimento”.

* Formação de Rede de Intercâmbios

Incrementar o debate, a interação e a parceria internamente e com outros segmentos do saber e de atuação, que proclamem objetivos semelhantes aos do Espiritismo, através da criação de um relacionamento de trocas permanentes e construtivas, num regime de transdisciplinaridade, mediante a “abertura de canais interinstitucionais”.

* Estruturação de Entidades Específicas

A partir de especialização de atividades internas e de intercâmbios intersetoriais, criar espaços de trabalho específicos para atender a enormidade de demandas que chegam a Casa Espírita. Serão oficinas de idéias e diálogo que fomentarão as cooperativas de afeto cristão.

* Reciclagem de Métodos

Para fazer frente às novas demandas do mundo atual torna-se imprescindível a reciclagem dos métodos nas diversas áreas de atuação espírita (práticas mediúnicas, promoção social, comunicação pública etc.), na direção da contextualização do conteúdo espírita.

* Mudança da Mentalidade Organizacional

Criação de um clima organizacional nas Casas Espíritas que estimule a participação autêntica do trabalhador espírita, por intermédio de mecanismos de delegação e de debate das decisões, e o desenvolvimento de lideranças que promovam relacionamentos de integração e de parceria, na busca da união grupal.

* Unificação Ética

União dos espíritas pela vivência dos valores instituídos no Evangelho de Jesus, formando-se pólos de congraçamento ecumênico. A ética do amor e o comportamento fraterno devem prevalecer quando não forem possíveis, por respeito ao pluralismo das idéias, a unidade institucional.

Eis a agenda que se propõe ao movimento espírita para o século 21. Independentemente da origem espiritual destas propostas, há que se questionar se elas são relevantes para a promoção do desenvolvimento sustentável das idéias espíritas no planeta, num instante em que se vislumbra, por estas mesmas fontes, a sua maioridade, quando os diversos campos do saber, as artes, a política e a filosofia, por exemplo, serão influenciados nos seus fundamentos, promovendo uma completa mudança de paradigmas e de renovação social.

A Agenda 21 Espírita, repetindo o compromisso maior de Jesus, preconiza que o desenvolvimento sustentável do ser humano somente acontecerá quando ele inserir na sua agenda pessoal a prática de atitudes de amor.

Carlos Pereira

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